Dilma: “Na democracia, nós respeitamos as urnas e as ruas”

Presidente avaliou os protestos como momento de diálogo democrático

Dilma falou com a imprensa pela primeira vez após manifestações do dia 15 pelo Brasil | Foto José Cruz / Agência Brasil

A presidente Dilma Rousseff se pronunciou pela primeira vez após as manifestações do dia 15. Reconheceu o protesto como legítimo, salientou os avanços da democracia e fez uma análise da corrupção. O depoimento foi dado durante a cerimônia de sanção do novo texto do Código de Processo Civil, no Palácio do Planalto, em Brasília.

Mesmo os protestos sendo contrários ao atual governo, Dilma mostrou-se contente com o ato. Lembrou os tempos da ditadura militar, quando lutou pela liberdade de expressão, e avaliou que acreditar na democracia foi um acerto. Segundo ela, o manifesto é um direito da população, que se mostra forte e cada vez mais contrário a golpes e retrocessos. “Na democracia, nós respeitamos as urnas, respeitamos as ruas”, afirmou Dilma.

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A presidente garantiu que sempre estará disposta ao diálogo com o povo. O pacote contra a corrupção, anunciado pelos ministros José Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto, foi reiterado por Dilma, que o levará ao Congresso Nacional.

Houve também uma análise sobre a corrupção no Brasil. Dilma salientou: “A corrupção não nasceu hoje. Ela é uma senhora bastante idosa neste país e não poupa ninguém. Ela pode estar em qualquer área, inclusive no setor privado”.

"A corrupção não nasceu hoje, é uma senhora bastante idosa neste país", disse Dilma | Foto: José Cruz / Agência Brasil
“A corrupção não nasceu hoje, é uma senhora bastante idosa neste país”, disse Dilma | Foto: José Cruz / Agência Brasil

O momento também foi de uma autoanálise da gestão atual. O Fies deixou de ser administrado pelo Estado, e sim por empresas privadas, que realizam o serviço de matrículas para o programa. Dilma Rousseff analisa a medida como um erro, que ainda pode ser concertado.

A redução do desemprego gerou inflação, um problema econômico para o país. Na época, Dilma não quis abrir mão da política de não deixar que as empresas quebrassem. Hoje, avalia que poderia ter sido feita um equilíbrio um pouco diferente. “Nós seguramos os 20 milhões e pouco de empregos”, assegura a presidente. Entretanto, afirma que isso não é o problema vital do Brasil.

Para recuperar a economia, será implantado um ajuste fiscal. Segundo Dilma, não há riscos do país quebrar, afirmando que o Brasil tem condição de sair da situação atual. “O país não quebra enquanto as coisas ficam mais voláteis como estão lá fora, porque temos uma quantidade expressiva de reservas”, disse Rousseff.

Dilma espera o Congresso concordar com o ajuste fiscal e com suas medidas para combater a corrupção. A manifestação foi vista como um momento de diálogo necessário, pressionando algumas mudanças no Brasil.

Estiveram presentes no evento Luiz Fux, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e José Sarney, ex-presidente da República. Antes do pronunciamento, já havia sido feita uma reunião de Dilma com seu vice, Michel Temer, e outros nove ministros que participam do conselho político.

Fonte: O Alvoradense