Estamos, sem sombra de dúvidas, em meio a maior crise da história moderna do Brasil. São 13 milhões de brasileiros e brasileiras que vivem o desespero do desemprego e outros 7 milhões de trabalhadores em condições precárias de trabalho, sem nenhuma proteção da lei e garantia de direitos. Isso sem falar no drama diário que vive o nosso povo, com a escalada da violência impune, da qual mais ninguém está livre, e do colapso do sistema de saúde pública, que só nos faz rezar para que os nossos filhos e filhas não adoeçam.
E se olharmos para a política, que é de onde podem exclusivamente vir as soluções para esse grave momento da vida brasileira, a tragédia é ainda maior. A classe política está mergulhada em um mar de lama e o governo provisório, no ápice da sua crueldade, propõe duas reformas, a trabalhista e a da previdência, que são um verdadeiro atentado contra os trabalhadores e trabalhadoras deste País, já amedrontados pelo desemprego ou pela ameaça dele.
A reforma trabalhista representa um verdadeiro retrocesso à classe trabalhadora. Há um indefensável interesse de se retirar direitos consagrados na CLT do Presidente Getúlio Vargas. Querem transformar o trabalho em mera mercadoria, fazendo com que a “negociação livre” entre empregador e empregado tenha mais valor do que a Lei. Isto, repito, no momento em que 13 milhões de trabalhadores e trabalhadoras estão desempregados e, os outros todos, amedrontados pela ameaça do desemprego. É a destruição de anos de luta para a proteção dos direitos do trabalhador, protagonizada especialmente por Getúlio, Jango e Brizola.
A da previdência é um atentado contra os mais humildes trabalhadores. Com o pretexto de um falso déficit, que não existiria não fosse a criação da DRU (Desvinculação das Receitas da União), pretendem determinar a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de qualquer trabalhador, quando a expectativa de vida em regiões como o semiárido do nordeste, por exemplo, não chega a 62 anos. Querem igualar a idade para aposentadoria de homens e mulheres, como se não vivessemos mais em um País machista, onde as mulheres possuem um terceiro turno de trabalho, sobre o qual ninguém remura, ao cuidar da casa e dos filhos. E se aprovada a reforma, para ter direito a se aposentar com a integralidade dos seu salário, os trabalhadores deverão contribuir para a previdência por 49 anos, o que representa, na prática, o fim do direito a aposentadoria.
Mais uma vez os conservadores tentam impingir a conta de seus privilégios para o trabalhador pagar. Afinal de contas, 80% dos aposentados recebem menos que três salários mínimos, enquanto 20% destes, represetam 60% da despesa da previdência. O ódio alimentado desde a revolução que levou Getúlio Vargas ao comando do Brasil, para iniciar suas ações de emancipação da classe trabalhadora, jamais foi absolvido pelas elites privilegiadas brasileiras.
O rancor destes vendilhões da pátria brasileira têm o trabalhismo como seu maior inimigo histórico. Getúlio, Jango e Brizola sempre foram a pedra no caminho de seus interesses. É verdade que não temos a capacidade de reviver nossos líderes, como já li antes, mas temos a disposição de homenageá-los lutando até a última gota da nossa energia, contra esta investida das elites e dos interesses internacionais contra os trabalhadores e em defesa da soberania e da justiça social.