Em um evento com empresários da cidade de Carlos Barbosa, na Serra gaúcha, Giovani Feltes (PMDB), secretário da Fazendo do Rio Grande do Sul, insinuou que já fez uso de caixa 2 em campanhas eleitorais. “Vamos ser francos entre nós (em off pessoal): anjo não se elege nem vereador em Carlos Barbosa”, afirmou.
Apesar de ter sinalizado que gostaria que sua fala não fosse divulgada, o áudio de parte da conversa foi divulgado pela imprensa nesta quarta-feira (14). O evento era aberto ao público e tinha a presença de vários jornais locais.
O secretário citou que já se elegeu para vereador, prefeito e deputado estadual e descreve situações recorrentes do recebimento de “recursos não declarados” em campanhas eleitorais. Ele descreve o que seria um possível diálogo com algum doador de campanha: “‘Me dá uma mão para a campanha?’ ‘Eu tenho R$ 5 mil, R$ 10 mil, R$ 50 mil, mas não coloca meu nome na tua prestação de contas’. Quem dizia que não?’”, indaga ele.
O secretário ainda cita exemplos de como se consegue dinheiro para campanha. “Jogou no bicho. Então eles podem eleger vocês; igrejas, de qualquer credo. Tráfico, já pensaram nisso?” Ele também aponta o que seria a influência de traficantes na política. “Em off: em Novo Hamburgo elegeram um traficante para a Câmara de Vereadores, e também conheço outras cidades que elegeram. Lá é dos Manos, mas deve ter alguém dos Bala na Cara eleitos para vereador em alguma cidade. E a gente não quer saber de política. Desculpa a provocação, mas nós todos temos um pouco de culpa. Desculpa.”
Confira um dos trechos da fala de Feltes:
Após a repercussão, a Secretaria da Fazenda divulgou nota lamentando a divulgação da conversa. Confira na íntegra:
“Na última segunda-feira (12), a convite da ACI (Associação Comercial e Industrial) de Carlos Barbosa, o secretário da Fazenda, Giovani Feltes, realizou palestra abordando a situação das finanças públicas e os desafios para colocar o Rio Grande do Sul em um patamar de equilíbrio fiscal. Falando por quase duas horas para uma plateia formada por empresários da cidade, o secretário tratou dos problemas estruturais do Estado, traçou uma retrospectiva histórica sobre as medidas já adotadas por diferentes governos e destacou os projetos que buscam a reforma do Estado ora em análise pela Assembleia Legislativa.Como tratou-se de uma explanação longa, o secretário lamenta que frases esparsas e sem vinculação com o tema principal acabaram ganhando repercussão após publicadas por um jornal local, mesmo com o alerta preliminar de que se tratavam de manifestações em caráter reservado. São expressões que o secretário se utilizou de maneira genérica, sem vinculação a um fato objetivo e específico. O secretário reconhece que foram colocações fora do contexto e infelizes.Porto Alegre, 14 de Dezembro de 2016.”