O dia da Consciência Negra passou. Foi ontem, 20 de novembro. Mas não existe data para debater assunto tão pertinente como este.

A data é marcada pela morte de Zumbi dos Palmares, um escravo que foi líder do Quilombo dos Palmares e simbolizou a luta do negro contra a escravidão que sofria boa parte dos brasileiros. Zumbi morreu enquanto defendia a sua comunidade e lutava pelos direitos do seu povo.

Mesmo com toda luta que Zumbi teve em um passado distante, os negros em nossa sociedade ainda sofrem com a discriminação, criminalização e principalmente o racismo, algo abominável, mas que infelizmente existe no cotidiano do nosso país e do mundo.

Seja na sociedade, na política ou no esporte (tema que iremos abordar) o racismo é presente e ainda faz com que nos sintamos envergonhados por quem o pratica.

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O esporte, que é considerado uma das ferramentas mais importantes para a inclusão social, também é ferido e manchado por práticas desrespeitosas e criminosas de atos racistas.

Mesmo tendo mobilização através de campanhas nas mídias e redes sociais, o racismo é uma prática muito comum em competições e que deve ser combatido.

Geralmente estes atos vem das torcidas que, tomadas por um sentimento de paixão, acabam não tomando consciência dos “xingamentos” proferidos e que constrangem não apenas atletas negros, mas também seus familiares, fãs e, inclusive, outros torcedores que nestes eventos se fazem presentes.

O livro “O Negro No Futebol Brasileiro” (1947), sem dúvida nenhuma é um dos principais textos para ler e debater sobre as relações étnico-raciais no esporte que é paixão nacional.

A obra de Mário Filho expressa, com muita nitidez, as relações dentro dos gramados na década de 40 e que continuam muito atuais nos dias de hoje. Vale a leitura.

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Silenciado o problema se arrasta
O racismo no esporte não é uma novidade para o brasileiro. A verdade é que esta discussão sempre é jogada para escanteio.

Para os governantes em geral, sejam eles os que dirigem o esporte ou nosso País, não é interessante aprofundar os problemas nesta área para identificar as causas e findar as práticas.

A causa de todos esses atos criminosos porém, é a impunidade.

Vez ou outra vimos que a discussão aparece. Mas isso em raros casos, como o do jogador de futebol Tinga (ex-Internacional) e o goleiro Aranha ( ex-Santos), esse último ocorrido em nosso Estado e proferido por torcedores gremistas. Uma verdadeira lástima ao gaúcho.

A instituição Grêmio de Futebol Porto Alegrense em sua história já apontava problemas como este, como mostram jornais da década de 50, quando a direção do clube não aceitava jogadores “de cor”.

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“A diretoria do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense vem trazer ao conhecimento de seus associados e simpatizantes que, por decisão unanime, resolveu tornar insubsistente a norma que vinha sendo seguida de não incluir atletas de cor em sua representação de futebol”. (Correio do Povo, 6 de março de 1952)

Mas o racismo não é um ato apenas do futebol e sim do esporte em geral.

Em 2015 a capitã seleção de vôlei do Brasil e ponta do SESI-SP, Fabiana Caudino, sofreu um ato racista durante um jogo de sua equipe. Fabiana relatou na época, que um cidadão das arquibancadas proferia as seguintes palavras: “Macaca quer banana, macaca joga banana”.

De acordo com a bi-campeã Olímpica, os seguranças do ginásio onde acontecia o jogo retiraram o torcedor do local.

whatsapp-image-2016-11-21-at-15-45-01O que estes preconceituosos não sabem, e talvez não aceitem, é a soberania negra no esporte.

Muhammad Ali, Michael Jordan,Tiger Woods, Marta, Daiane dos Santos e Pelé. Negros que são exemplos de atletas e de excelência de resultados, entrando para históoria de seus esportes como ícones e que, mesmo em vida, viraram lendas.

Mas o que mais me preocupa não são estes superatletas e com suas vidas cercadas pela mídia.

O que me faz escrever este texto é o desafio de fazer tu, meu amigo leitor, cidadão, político e dirigente,  debater muito ainda o racismo para podermos salvar da periferia o Joãozinho, o Paulinho e a Mariazinha dessa tão cruel ferramenta contra o cidadão negro, que é o racismo.

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Vamos ao debate!