Alguns o conhecem pela fama de durão, principalmente os motociclistas da cidade; outros pela sua dedicação ao resgate de animais, pois foram muitos os cavalos que ele conduziu a um abrigo após maus tratos; há os que o conheçam desde a infância vivida em Alvorada e, hoje, chegou à vez daqueles que o conhecem da noite, dos bailes em que o “cortadinho” é o destaque. E a grande maioria o chama de sargento Alfredo.
Alfredo Azevedo chegou a Alvorada aos 12 anos com a mãe Cassiana e o irmão mais velho Luis Alvin. Era o início dos anos 80 e ele, ainda menino, fez amizade com um grupo de jovens que mais tarde participaram da ocupação do 11 de Abril. Entre seus amigos estava Dorvalino Alvarez, Mario Jorge, Brinco, Benitez… e com eles acompanhou os movimentos sociais que surgiam na cidade, inclusive com participação no jornal “Cá entre nós”, que circulava no 11 de Abril e ainda do livro que relatou a ocupação do bairro, com desenhos feitos por Alfredo, impresso no Seminário de Viamão.
Mesmo nessa época de militância, ele já tinha a vontade de ingressas na Brigada Militar, seguindo os passos do pai brigadiano, Adão Rodrigues de Azevedo, falecido quando ele tinha três anos. E foi em 1990 que Alfredo ingressou na BM, atuando no Choque e permanecendo por 10 anos no Batalhão de Operações Especiais (BOE).
No ano de 2000 chegava ao 24º BPM em Alvorada e logo foi reconhecido, não só pela sua história na cidade, como também pelo trabalho desenvolvido nas ruas, principalmente junto aos motociclistas alvoradenses.
“Eu atendia muitos acidentes com motos, com vítimas ainda muito jovens e envolvendo condutores sem habilitação e com veículos em situação irregular”, relembra. E foi isso que o fez investir pesado no que ele acreditava ser uma ação preventiva, a fiscalização de trânsito.
Conta que, com a autorização do então comandante Cel. Bortoluzzi, reformou uma moto velha da BM e passou a fazer patrulhamento, tendo iniciado a Rocam em Alvorada de maneira improvisada, com o parceiro PM Castro em outra moto reformada. Mas tarde Alfredo fez curso tático com moto e de batedor e as motos circularam pela cidade até 2015, com bons resultados. “Para as características de Alvorada, as motos funcionam muito bem”, avalia.
Por gostar de animais (tem gatos e um cão resgatado em casa), é comum o flagrar envolvido em ocorrências com cavalos vítimas de maus tratos. Nessas horas ele utiliza o bom senso e sua experiência policial para conduzir os animais a abrigos, que normalmente consegue com conhecidos alvoradenses.
E justamente suas relações na cidade que o levaram para outro “rumo”, com a sociedade em um Lar de Idosos, localizado no centro de Alvorada e a abertura de um dancing bar, que funciona aos sábados. “Sempre gostei de reunir os amigos, e agora tenho este lugar para isso”, comentou Alfredo em bate-papo no Uniãozinho Bar, no bairro Salomé, que mais parece uma extensão de sua casa, onde ele recebe amigos, contatos, colegas de Brigada…
Contudo, o seu maior legado está na família. No filho mais velho vê a perpetuação de uma tradição: Calvin Neruam é soldado no BOE e, assim como Alfredo, cursa faculdade de Direito. “Ele também atua na Operação Golfinho, mas isso eu não faço. Não tenho paciência de passar o dia todo parado na praia”, comenta. A filha Kimberly é casada com um PM e o casal lhe deu a neta Helena,e ele se derrete contando suas descobertas infantis, as “artes” . E ainda há os caçulas Kethlen e Antony, seus parceiros de passeios e aventuras e que o mantém atento à sua própria juventude.
Frente à possibilidade de ir para a reserva, Alfredo diz que gostaria de seguir por um tempo na Brigada Militar, mas também tem muitos planos para sua vida civil como advogado e empresário alvoradense. “Essa é a minha cidade, onde estão meus filhos, neta e amigos, e acredito ser um bom lugar para se viver e trabalhar”, conclui.
Fonte: Mariú Delanhese / OA