A História da monarquia brasileira vai até 1889. Um dos seus períodos mais agitados foi o regencial (1831-1840), antecedido pela Noite das Garrafadas. Mesmo após a independência do Brasil, portugueses continuavam com cargos no governo. D. Pedro I exercia um autoritarismo centralizador lembrando o absolutismo que deveria ter ficado para trás.

O imperador do primeiro reinado, pouco se importava com os problemas nacionais, parecia estar mais voltado as questões de Portugal, ainda mais depois do falecimento do rei D. João VI em 1826.

Um dos principais adversários políticos do imperador foi João Batista Líbero Badaró, assassinado em 20 de novembro de 1831. Sua morte foi atribuída ao império português e o jornalista italiano tornou-se mártir dos liberais brasileiros exaltados, inspirando revoltas como o 13 de março, quando iniciou a “Noite das Garrafadas”.

Durante mais de quatro dias, brasileiros lutaram contra portugueses em conflitos a céu aberto. Os militares apoiaram a revolta. Objetos diversos eram lançados entre os grupos rivais, entre pedras e garrafas. O episódio foi uma das causas para a abdicação de D. Pedro I ao trono do Brasil.

O historiador carioca José Honório Rodrigues, afirmava que “O período colonial e sua sobrevivência determinam todo o subdesenvolvimento posterior.” Durante a monarquia, os governos brasileiros conciliavam pelo alto, a exemplo do período regencial, quando todas as revoltas foram derrotadas. Para o mencionado escritor, autor de “Conciliação e reforma no Brasil: interpretação histórico-política”, os movimentos de contestação social durante a regência foram representações ora populares, ora das classes dominantes, como “a liberal de 1841, os Farrapos de 1835-1845” e tiveram como conseqüências concessões de caráter político, somente quando negociava com essas revoltas, do segundo tipo.

A conciliação era sempre pelo alto. Todos os movimentos que discutiam o fim da escravidão foram eliminados violentamente.

Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil foi governado por quatro regências. A Regência Provisória Trina, a Regência Permanente Trina, a Regência Una do Padre Feijó e a Regência Una de Araújo Lima. Desde a primeira regência aconteceram revoltas.

Entre 1931 e 1832, o Rio de Janeiro foi tomado por motins e levantes provocados por restauradores exaltados, reprimidos pela regência moderada, resultando na criação da Guarda Nacional.

No dia 12 de junho aconteceu um levante no 26 ° Batalhão de Infantaria, dois dias depois no Batalhão da Polícia por libertação dos militares presos no levante anterior. Em 28 de novembro aconteceu um novo motim no Teatro Constitucional Fluminense. No mês seguinte com bombardeios, o Batalhão de Artilharia da Marinha ocupou o quartel na Ilha das Cobras. Em 3 de abril revoltaram-se guarnições das fortalezas de Villegaignom e Santa Cruz sob comando do major Miguel Frias.

Em 17 do mesmo mês houve uma tentativa de golpe pelos caramurus ou restauradores, comandados por Augusto Hoiser, com participação de José Bonifácio.

Os movimentos restauradores pararam de acontecer com a morte de Dom Pedro I, em 1834. Durante o período regencial ocorreram as seguintes revoltas, entre as principais: Farroupilha, Malês, Cabanos, Cemiterada, Sabinada e Balaiada. O período regencial brasileiro terminou em 1840, quando houve o golpe da maioridade, e Dom Pedro II assumiu o trono do país com apenas 14 anos de idade.

José Honório Rodrigues corretamente chamou o período de “história cruenta”, repleto de intolerância, ódio, intriga e intransigência do poder cristalizado como um “círculo de ferro”, jamais conciliando com o povo.

Com estas brevíssimas reflexões, ficará muito fácil responder a questão do ENEM de 2010, a seguir.

Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou um período marcado por inúmeras crises: as diversas forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações populares eram por melhores condições de vida e pelo direito de participação na vida política do país. Os conflitos representavam também o protesto contra a centralização do governo. Nesse período, ocorreu também a expansão da cultura cafeeira e o surgimento do poderoso grupo dos “barões do café”, para o qual era fundamental a manutenção da escravidão e do tráfico negreiro.

O contexto do Período Regencial foi marcado:

a) por revoltas populares que reclamavam a volta da monarquia.

Errada. As revoltas ocorridas no período variavam entre demandas populares e defesa de manutenção de privilégios antigos, das classes dominantes. Um exemplo do segundo caso foi a Revolta Farroupilha. Além disso, as rebeliões chamadas restauradoras da monarquia, deixaram de ocorrer com a morte de Dom Pedro I.

b) por varias crises e pela submissão das forças políticas ao poder central.

Errada. Foi o oposto, as diversas revoltas e guerras nos mostram que as forças políticas regionais constantemente enfrentavam o poder central. Não houve submissão, sim insatisfação com os governos das regências.

c) pela luta entre os principais grupos políticos que reivindicavam melhores condições de vida.

Errada. Os grupos políticos que lutavam por demandas populares, em geral se apoiavam. Os republicanos liberais e exaltados, formavam um movimento político nacional, e estiveram presentes em diversas revoltas.

d) pelo governo dos chamados regentes, que promoveram a ascensão social dos “barões do café”.

Errada. Aqui temos um erro cronológico, visto que a ascensão social dos cafeeiros aconteceu no segundo reinado, após o período regencial. O chamado ciclo do café, ocorreu depois dos ciclos do açúcar e do ouro.

e) pela convulsão política e por novas realidades econômicas que exigiam o reforço de velhas realidades sociais.

Correta.  Durante toda a regência, o Brasil foi palco de convulsões políticas, todas elas contendo relações com as mudanças na economia brasileira. Um novo chamado ciclo econômico estava iniciando. Não é mesmo?

Imagem: Pedro I, entrou na História como aquele que não aguentou a pressão popular e arregou. (Retrato por Simplício Rodrigues de Sá – Wikimedia Commons)