Na semana passada apresentamos o importante papel do Samu para a população. Destacamos a relevância do primeiro atendimento e como o serviço de atendimento móvel de urgência tem papel crucial nestes momentos. Durante esta semana conversei com Rodrigo Dipp, técnico de enfermagem e responsável administrativo e de frota do Samu de Alvorada.
De 2009 a 2012 trabalhei como técnico de enfermagem socorrista no Samu. O Dipp é um dos remanescentes daquela época e detém a maior propriedade quando o assunto é o Samu de Alvorada. Na ocasião, já enfrentávamos grandes desafios para manter o trabalho com qualidade para a população. Contudo hoje, “as condições de trabalho estão no limite, sempre faremos o melhor para atender a todos, mas nem sempre conseguiremos”, relata o profissional.
Passado quase oito anos, percebo que o serviço de urgência de Alvorada está sucateado e esquecido. Os méritos dos atendimentos ofertados para a população são, exclusivamente, dos profissionais que ali estão. A atividade que já esteve entre as dez melhores unidades da região Metropolitana e serviu como modelo para outras cidades, hoje se depara com um quadro em que as equipes de saúde tem a sua disposição apenas um uniforme (macacão padrão do Samu que também é parte do Equipamento de Proteção Individual / EPI) por profissional.
O estabelecimento onde ficam as ambulâncias e as equipes, também conhecido como Base, apresenta estruturas totalmente insalubres que vão de esgoto a céu aberto a falta de local adequado para higienização e descarte de materiais utilizados nos atendimentos. Atualmente o serviço conta com uma equipe reduzida com cinco enfermeiros, seis técnicos em enfermagem e 12 condutores socorristas. Não há médicos nas equipes de atendimento. Situação esta que não é novidade na cidade.
Em agosto deste ano O Alvoradense noticiou a perda de 80% dos recursos do Samu por falta destes profissionais. É realizado na cidade, em média, 400 atendimentos mensais que variam de baixa até alta complexidade, entre traumas, atendimentos clínicos e transportes para Viamão. Conforme relatado pelo Dipp, um dos maiores desafios para os atendimentos é encontrar os endereços corretos por existir um grande número de casas em locais não regularizados pela Prefeitura. A falta de pavimentação na cidade e os diversos locais sem acesso para as ambulâncias também são prejudiciais na execução do trabalho.
Questionei quanto aos chamados “trotes” ao serviço. A resposta foi interessante. Segundo levantamento de dados do próprio serviço, a população desconhece o verdadeiro funcionamento do Samu, e as solicitações para atendimentos sociais aumentaram significativamente nos últimos anos, descaracterizando a essência do serviço. Cresceu também os chamados para deslocamento de pacientes com doenças crônicas para o hospital, o que também demonstra que a saúde básica da cidade não está funcionando.
É revoltante ver um serviço de extrema relevância para a cidade se decompôr ao longo dos anos. Parabéns aos profissionais que bravamente vestem o “macacão” e exercem as suas atividades valorizando a vida.
Um feliz ano novo, prosperidade, paz e que Deus abençoe a todos.
Forte Abraço!