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ada vez mais a escola é o espaço da socialização; ao mesmo tempo, a escola é, cada vez menos, o espaço da aprendizagem. Lembro que, quando guri, colecionava latas de azeite para jogar taco. Também c olecionava as figurinhas do Campeonato Brasileiro e, depois, jogava bafo. Da mesma forma, tinha uma sacolinha com bolitas de gude… e como era legal, após cumprir minhas obrigações escolares, sair para a rua e brincar, sem medo de ser feliz. Em parte, uma das causas está aí: a diluição do sentimento de comunidade e da capacidade das pessoas se reunirem; com a tecnologia e a insegurança de estar nas ruas, quando fora da escola, as crianças de hoje brincam sozinhas.

Outra mudança está relacionada à profissão de professor. Quando mais jovem, essa era profissão respeitada e, nas salas de aula, autoridade máxima. Com o tempo, essa autoridade derreteu. Tanto é que em 2009, segundo pesquisa conduzida pela Fundação Victor Civita, apenas 2% de nossos jovens no fim do Ensino Médio manifestaram desejo e intenção de seguir carreira ligada ao magistério. Uma série de políticas públicas foi implementada, e os cursos superiores explodiram.

Pouco sabemos exatamente dos interesses de nossa juventude atual, mas uma coisa é certa: a profissão parece sofrer de tamanha decadência, a ponto de ser a mais procurada para os “bicos”. Infelizmente, nada contra a atividade, mas qualquer pessoa pode ser chamada de “professor” – e isso vai desde o político que há anos não sabe o que é uma sala de aula, passando pelo oficineiro de qualquer atividade e até mesmo o técnico de time de futebol de várzea.

O fato é que com o aumento do individualismo e a diluição da autoridade do professor, os pais não deixaram por menos. Por conta das alterações na estrutura familiar e da baixa participação nas atividades escolares, ou sua participação restrita apenas nos momentos de entrega de notas e pareceres, um tipo de pais tem se multiplicado: os pais superprotetores. São aqueles que dão tudo o que podem a seus mimados filhos, que não sabem dizer não, que não impõem limites, e confiam cegamente em tudo o que as suas crianças e jovens dizem, sem o mínimo de questionamento. E o que é pior: para esses pais, muitas vezes a escola é uma espécie de depósito de crianças e não mais um espaço de formação. As consequências desse tipo de conduta são danosas, seja para a escola, seja para os professores e para a vida dessas crianças e jovens. Na prática, é a legítima renúncia à educação.

Essa semana mesmo me chegou relato de professora da rede municipal que, em entrega de notas e pareceres, teria dito à mãe de aluno que o mesmo está infrequente, que não participa do laboratório de aprendizagem e que a família está “pisando na bola”. A resposta veio de pronto: agressão física. Chegou-me o relato de que a professora teve até traumatismo craniano… o episódio virou caso de polícia. Triste.

É verdade que a equipe diretiva desta escola deve ser ouvida; da mesma forma, a professora e, no caso, a mãe deste aluno. No entanto, é equivocada a crença de que os problemas escolares devem ser resolvidos da mesma forma que se faz em nossa vida política, onde tudo se resolve no muque ou, então, em feroz desconstituição discursiva do outro; e depois, agir como se nada tivesse acontecido. Não foi assim que a cidade elegeu um especialista em golfe?  Pelo contrário: se há acordo que a escola deve ter uma perspectiva transformadora, ela deve ser o local, por excelência, dos valores contra-hegemônicos. E isso se faz resgatando o sentimento de comunidade; é muito difícil que isso aconteça sem a efetiva participação dos pais e o necessário diálogo aberto, sem rodeios ou ameaças. Enfim, cabe um recado bastante simples: antes de exigir teus direitos, verifica se cumpristes com teus deveres. 

Em tempo (1): ao conversar com o professor Fábio Mariano, Presidente do Conselho Municipal de Educação, sua posição foi a de apurar o caso, ajudar a colega a superar o trauma e punir quem a agrediu, de modo que esse tipo de conduta não vire moda. Além disso, e diante da sugestão de que o Conselho emita nota, informou que não é possível sem que, antes, ocorra reunião de plenária. No entanto, e sabedor da posição do CME, tão logo esta nota esteja disponível, publicaremos aqui.

Em tempo (2): é de amplo conhecimento que governos de cooptação, uma clara distorção dos governos de coalizão, fizeram emergir o Ministério Público como agentes que cumprem o papel da vereança, nos municípios: fiscalizar o Executivo nos municípios. No caso de Alvorada, é um mistério saber os motivos de, apenas no último ano de governo, a senhora promotora citar os desvios de verbas e o excesso de cargos em comissão para os desmandos na saúde. Cabe lembrar que, ao longo de três longos anos, pouco ou quase nada fez.

Em tempo (3): o que dizer de uma protagonista da vida política alvoradense que, depois de chutar a bunda de governo do qual fez parte, beija a mão de deputada pouco ou quase nada produtiva, e ainda se presta a flertar e compor o atual governo municipal; depois, vai à Justiça para qualificar a forma de composição do atual governo municipal? Em vez de governo de cooptação, ela prefere chamá-lo por “mensalinho”. E o mais bizarro: fez parte disso… tudo bem que o choro é e continua sendo livre, mas não precisa dar tiro no pé. Obrigado. De nada.