Minha história com o jornal O Alvoradense começou lá em 2012, quando o editor, meu amigo de infância, me convidou para “discutir uns projetos”. Sempre tive uma relação próxima com a escrita, principalmente depois que comecei a acessar a Internet, lá nos idos de 2004, e pude criar blogs e mais blogs, hoje já desativados ou simplesmente perdidos. Mas escrever para um jornal de verdade, desses que tu pega nas mãos e vai lendo enquanto espera o ônibus, era uma coisa totalmente nova. A curiosidade me fez aceitar a proposta, mas a periodicidade, os compromissos da faculdade e acho que principalmente a impressão de estar jogando textos no vácuo (alguém, além da minha família, lia aquelas colunas?) me fizeram abandonar o projeto.
Nesses quatro anos, sinto que muita coisa mudou. Smartphone, WhatsApp e o famigerado #textão no Facebook, se já existiam na época, não eram tão populares. Hoje todo mundo tem opinião sobre tudo, e divulgá-la nunca esteve tão fácil. Com isso, me parece que a própria relação das pessoas com a escrita mudou – e, veja bem, não estou falando de escrever certo ou errado, bem ou mal, mas simplesmente de escrever. Tu escreve um textão na tua página pessoal no Facebook, ou comenta o textão de outra página, retruca os comentários e se bobear perde (ou investe, a depender do ponto de vista) uma tarde inteira nessa função. Sinto também que há uma cobrança implícita por esse posicionamento: no momento em que um assunto viraliza, todo mundo precisa opinar a respeito (sendo contra, sendo a favor, sendo nem contra nem a favor muito pelo contrário, fazendo piada…), de modo que nossas opiniões estão escritas, publicadas e divulgadas pra quem quiser ver, muitas vezes antes mesmo de termos tido tempo de refletir sobre elas. E também não é permitido mudar de opinião: uma vez que tu afirmou A, repensar A e afirmar B é quase uma falha de caráter.
Talvez por isso eu tenha me sentido confortável pra voltar a escrever no jornal O Alvoradense. Não estou sozinha nessa selva de palavras. Escrever para um jornal on-line, atualmente, não é muito diferente de escrever #textão no Facebook. Muda a plataforma, sim, mas a essência é a mesma: uma pessoa escrevendo sobre o que pensa e divulgando aquilo on-line. Se em 2012 me parecia até levemente petulante considerar que minha opinião importasse a ponto de ser impressa e publicada, em 2016, num novo contexto e numa nova plataforma, minha opinião é claramente só mais uma entre tantas na Internet. E isso pode ser produtivo, enriquecedor, surpreendente.
Ou não. Assim como não sabia no que estava me metendo em 2012, sigo sem saber agora. Talvez semana que vem eu pense “ai, não sou obrigada” e abandone o barco de novo: minha contribuição é voluntária e não foi estabelecida em cima de nenhum contrato. Mas estou otimista e espero conseguir continuar compartilhando meus textões com quem possa se interessar por eles.
Veremos.