Lázara Papandrea, poeta do infindável rumor azul, dos poemas carregados com desejos sublimados, que não sabíamos existirem. Eu vos saúdo em pensamento e oração. Porque de teus versos nascem os pássaros, rios de vórtices adentrando o peito, carregando a solidão, abismos, ao centro do olho do furacão. Silêncios indecifráveis. Águas turvas e límpidas. Um deus embrião de puro delírio, êxtase transformando o azul em mais azul ainda. E depois…ilusões, o fugaz, a impermanência. Aura luminosa da linguagem, a decifrar e reinventar o caos.

Eu vos agradeço poeta e vos ofereço a imprevisibilidade, o inesperado, a dimensão cósmica do sagrado e profano. O fluir do orvalho, na primeira manhã de sol nascente, em que divindades criaram as dualidades, as transcendências, o arché de Tales de Mileto, sopro inicial de todos verbos, raiz d’agua profunda de tua escrita, marco inicial da mutação de todos os poemas, seio onde metáforas se harmonizam e se encontram, em constante ebulição.

Tudo é Beija-flor

Tudo é essa brisa
escassa que desliza
azul e passa.

Tudo é esse beijo que casa
com o depois.

Tudo é essa asa que roça
a face do tempo

Essa raça que encerra
nosso desconhecimento

Essa brevidade de lua
Esse alento do céu
Esse tempo de nada

Esse infinito
na flor de goiabada.

Lázara Papandrea

“Tudo é Beija-Flor” está venda no site da Editora Penalux. Preço médio R$ 32,00

XIII

Céu pouco não há
quando entranham as tramas à luz.
Um infinito fala de luas
Em outro reluz o sacro.
Desnudamento nato de silêncios
na farta geometria da pele!
E meus olhos presos
não descansam da beleza que se insere
adônica, entre cores.

Lázara Papandrea, especialmente para a arte de Artur Madruga.