A perfeição da execução das estratégias ditatoriais é tão eficiente em seus elementos de cerceamento das pessoas, nos seus formatos, no seu desejo obstinado de alijar as nações, quaisquer que sejam de suas vontades, de seu livre pensar, de mantê-las sob o cabresto, como uma maneira única e contínua de sustentação de seu poder monolítico, que o resultado está aí, “pra grego ver”, a exemplo do que ocorre em nosso país.
Os frutos produzidos pelo suor dos nossos trabalhadores sendo usurpados escancaradamente, há muitos anos, revelam o quanto nos tornamos um povo apático, confuso e enganado.
Sujeitar os contrários com os argumentos únicos e exclusivos de nossa história mais recente exclui todos os outros exemplos históricos dessa condenação humana. A história não rima, quando o contraponto está sujeito a fala cansativa de que o outro desconhece a história, como se os eventos históricos lhes pertencessem. E são manipulados, intencionalmente alguns pontos, excluindo alguns fatos para que os seus argumentos se fortaleçam no foco político que visa somente depreciar aquele que questiona. Esses são os “donos da verdade”, “os deuses caídos”, os que sabem o que é bom para o outro, mas tão somente para o outro, desde que o outro lhe aceite e obedeça. O que parece não ser uma ação única da qual se servem alguns grupos objetivando a efetivação de seus interesses.
O poder dos poderosos parece até ser uma eterna luta pra saber qual será o dominador, própria do ser humano. Caim e Abel, grupos que eram dominados em guerras e que acabavam por se tornarem escravos dos dominadores, o domínio das religiões e assim por diante, até chegarmos aos mais recentes e famosos Mussolini, Stalin, Hitler, Pinochet e todos esses outros que conhecemos perfeitamente, mas que os seus pares e simpatizantes atuais juram que não o são. Por conveniência, obviamente.
A palavra domínio muitas vezes é substituída por repressão, por exemplo, mas contém a pretensão e a arrogância como sujeitas das relações que tentam humilhar e falsear o contraditório das falas que arrotam a palavra democracia como se a praticasse. Outro exemplo de absoluta e simples conveniência. Esta vem revestida de um dourado argumento que pressupõe ser a verdade escondida em seu âmago. Contra essa verdade não haverá argumento, certamente. Hora, pois, tudo não passa de um jogo.
Em nosso país a ditadura não ocorreu só em 64. Aliás consolidada em 68 com o AI-5, mas antes, a exemplo de Getúlio Vargas que trouxe alguns benefícios para os trabalhadores copiados de um outro ditador, o europeu Mussolini, para as leis trabalhistas. Esta história não é contada, nem mesmo que o famoso golpe militar ocorrido em 64 teria ocorrido em 54, após o suicídio de Getúlio Vargas.
A pretensão política de alguns partidos massacra a ingenuidade do povo brasileiro que, em sua “massa falida”, acostumou-se aos desmandos dos mesmos, sem que possamos isentar algumas mídias com os quais colaboram, por pura ganância e sustentação financeira que as mantém vivas, independentes da postura ética que deveriam adotar e contemplar no cumprimento de seu norte jornalístico, e isso as torna cúmplices, evidentemente.
Existe um grande contraponto a ser feito através da educação que necessita retornar aos seus paradigmas construtivos de cidadania emancipatória (uma emancipação verdadeira, não a ditada pelo poder), reflexiva, crítica, para que se tente tirar dela a mordaça que lhe foi colocada nessa nossa história recente. Para isso, inevitavelmente, a filosofia deverá ser um auxiliar de extrema importância para essa tarefa de reconstrução. Remodelada, atualizada, modernizada, a filosofia necessita voltar e inserir-se à sociedade, afinal de contas ela é “a grande arte de fazer perguntas importantes”, como afirma Pondé.