Fui apresentada à pintura de Alquimera Grazak (Artur Madruga) pelo poeta Jose Couto e me encantei!
“A Cor do Gesto” é uma exposição imperdível que acontecerá em breve, com considerações poéticas de José Couto e poetas convidados.
A pintura do mestre Alquimera é de uma coloridíssima inquietude e de uma forma que nos provoca ao mesmo tempo controle e caos. Nas suas cores, linhas e fragmentos é possível abrigar silêncios e gritos, evocar o aflito da luz, afogar a realidade no vento brando das possibilidades infinitas. Num instante você olha e se depara com o céu, o sol, o azul para em seguida viver solo quente, queimadura, serpente, perfume cabalístico de manhãs que ainda não são. Viagem. Pura viagem no tempo, na imaginação, no caos da imaginação…
Mestre Alquimera, fiquei tentada a pegar aquela velha caixa de lápis de cor e ousar rabiscos pelos céus do longínquo que ficou tão agora. Sinto o gosto, a textura, o cheiro. Fui inundada pela beleza sinestésica de sua obra. Parabéns! (minhas considerações são apenas poéticas)
*
NADO SINCRONIZADO
Então, se é de olhos
que o tempo se alimenta
– boreal e transitório
feito a epiderme da planta –
será fácil captar
tua nascente.
E como se um feto
emoldurasse a placenta
com risos que só às asas
(encolhidas)
confia seus motivos,
contornar tua coroa
não passará de um
descaminho necessário.
Somente a fome
desvia o peixe
do calvário
Nathan Sousa, especialmente para a Arte de Artur Madruga
Natan Souza interpreta NADO SINCRONIZADO
*
Na arte do olhar
O olho enquadrado
Não olha
: É olhado
Inês Santos, especialmente para a arte de Artur Madruga
Inês Santos interpreta
*
Lepidóptera
face circundada de enigmas
lava os olhos em cores de difícil tradução:
tejubinas, libélulas, galinhas-d’angola,
beija-flores, pipas de papel…
teu nome é uma borboleta
que me dança os arco-íris da infância
no ventre de uma bolha de sabão.
Carvalho Junior, especialmente para a Arte de Artur Madruga
Carvalho Junior interpreta
*
Caótica
a cabeça
não me manda,
a boca
não me cala,
as folhas
não me secam.
só o teu olhar
penetra o caos,
o buraco negro,
o sopro do nada,
a vida inexistente
sem você.
Chris Herrmann, especialmente para a arte de Artur Madruga
Chris Hermann interpreta
*
Céu pouco não há
quando entranham as tramas à luz.
Um infinito fala de luas
Em outro reluz o sacro.
Desnudamento nato de silêncios
na farta geometria da pele!
E meus olhos presos
não descansam da beleza que se insere
adônica, entre cores.
Lázara Papandrea, especialmente para a arte de Artur Madruga
Lázara Papandrea interpreta