Artur Madruga (Mestre Alquimera Grazak) é escritor, artista plástico e pedagogo formado pela UFRGS, professor licenciado em pluridisciplinaridade pela FAETA. Recebeu inúmeros prêmios como Revelação Literária Estadual do IEL, Menção Honrosa Nacional no Prêmio Fernando Chinaglia, Menção Honrosa no III Prêmio Guilhermino Cesar, da Universidade de Ijuí, além de outras premiações de entidades como União Brasileira de Escritores e primeiro lugar no prêmio Habitasul e Correio do Povo, na categoria conto. No jornal O Alvoradense, escreve semanalmente sobre temas relacionados a cultura.”A Cor do Gesto” é sua primeira exposição individual.
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à maneira de René Magritte
Ceci n’est pas une árida tempestade shakespeariana
Ceci n’est pas une alma desolada do pássaro desnudado enfurecido
Ceci n’est pas une última lágrima de Cristo crucificado
Ceci n’est pas une perfume da primeira manhã depois da alucinação
Ceci n’est pas une Zeus decifrando o som cabalístico
ecoando continuamente de uma mandala no longínquo deserto de rapa-nui
Ceci n’est pas une poema som pungente de oboé percorrendo os corredores ermos em louvações
José Couto, especialmente para a arte de Artur Madruga
Interpretção do Ator Carlos Eduardo Valente
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festa de casamento
sem véu a noiva não esconde
futuro espreita sua face
há um resto de flor
um gesto cortado
voz engasgada
sim ou não
felicidade emboscada
máquinas em nudez
e desejo
aceitam o verso que lhes cabe
bailam os noivos
aterrorizados para sempre.
Adriana Aneli Costa Lagrasta, especialmente para a arte de Artur Madruga
Interpretação da poeta Adriana Aneli
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ALQUIMERA
Viajar é útil, exercita a imaginação. O resto é frustração e esforço. Nossa viagem é imaginaria.
É essa a sua força. Vai da vida à morte. Homens, animais, cidades e coisas. É tudo inventado.
(Littré)
Costumo viajar em e através de imagens, independente de rótulos. Assim diante dessa obra de Alquimera Grasak, que só agora conheço, assustei-me com o mundo nela contido porque nele não me enxerguei, não me vi, nem informação nem informado nem em formação. Digo “contido” não no sentido lato, porém molécula ávida, ativa, viva, grão de tempo, sopro de luz, gota de gosto, mel ou fel, interferido e interferindo, vendo e sendo visto, poético ou ridículo, imenso ou profético, entidade ou corpo: Olho que não olha, vê, o dente além da boca, a lágrima aquém da causa, vê o universo em expansão, tal eu, visor de mim enquanto medo, ou culpa: Espectador!
Há, nesse Alquimera Grasak uma insistência em me devorar, invadir-me, enfiar-me o dedo por trás do olho nos meus labirintos adentro e, poderoso, ainda que vesgo, estúpido posto que fera, e assim tenta me instituir começos, meios, fins, fazer-me caminhos diversos do que desejo ir ou vir, ficar, dividir: Um Jorge Luiz e um Borges. Não outro, um, dois em um, dual: homem e homem, noutra instância, homem versus homem. Um me camufla em roxo, Um me expõe em negro, Um me traduz em sombras, Um me devassa de brilhos. Um me diz e a si mesmo, eu, contradiz: Arte!
Há nesse Alquimera uma translucidez que me sugere Pop Art. Há nesse Pop uma profusão de agentes deístas convertendo-me à Arte Vitral. Há nesse Vitral uma lógica que me simplifica em Arte e, estilhaçando o sacro vem Umberto Eco, Obra Aberta rezando: uma obra de Arte quando sai ao mundo está sujeita ao mundo e a um mundo de interpretações, inclusive, à nenhuma.
___OLHO DE GRASAK ___
Há havemos
De navegar o brilho escasso
E dele germinar o sonho;
Há havemos
De repintar a face cansada
E nela estampar o riso;
Há havemos
De desvendar o gesto mágico
E dele gerar boas-vindas,
Há havemos
De decifrar o vasto abismo
E nele guardar a colheita,
Há havemos
De criar o pó do universo
E dele estruturar a solidão
Há havemos
De desfazer o beijo da morte
E nela apor a pálpebra,
Há havemos
De cumprir os versos incendiários
E com eles queimar os cílios,
Ah,
Havemos de desvendar esse olho
Para que possamos atraí-lo
Para o cisco renovador
Que virá
Nos vendavais de um novo mundo!
Wander Porto, especialmente para arte de Artur Madruga
Vídeo Produção e interpretação Willer Lopes
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FLOR SOLAR
Confieso que el arte
sobre mí tiene poder,
y delante de su magia
ya no sé
si sueño o deliro,
y me siento a vagar
en el Cosmos,
a flotar sobre un mundo
de luces y colores
tomando las sombras,
jugando con la musicalidad
oculta en el silencio,
como el instante
de la eternidad
en que los dioses se aman
y con sus besos dibujan
flores locas y alucinadas
con la sangre del sol
para iluminar la primavera.
Antonio Torres, especialmente para a arte de Artur Madruga
Vídeo interpretação do poeta Antonio Torres
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enquanto me intrigo a prever o traço do artista
seu rigor ou causalidade
um céu cintilante imite sons música das almas
embora não seja ágora, deuses que já não são
recordam suas trajetórias sem ruídos, alaridos ou comoções
enquanto me sacrifico em traduzir seu eros e thanatos
sua forma se transmuta
um céu em seu declínio etéreo, inunda-nos de humanidades
embora não seja olimpo, homens e seus rumores
recordam seus corpos cósmicos sem súplicas, estridentes ou taciturnos
Jose Couto, especialmente para a arte de Artur Madruga
Vídeo interpretação da poeta Lázara Papandrea