Artur Madruga (Mestre Alquimera Grazak) é escritor, artista plástico e pedagogo formado pela UFRGS, professor licenciado em pluridisciplinaridade pela FAETA. Recebeu inúmeros prêmios como Revelação Literária Estadual do IEL, Menção Honrosa Nacional no Prêmio Fernando Chinaglia, Menção Honrosa no III Prêmio Guilhermino Cesar, da Universidade de Ijuí, além de outras premiações de entidades como União Brasileira de Escritores e primeiro lugar no prêmio Habitasul e Correio do Povo, na categoria conto. No jornal O Alvoradense, escreve semanalmente sobre temas relacionados a cultura.”A Cor do Gesto” é sua primeira exposição individual.

14657428_1516730565007453_3045158467141078638_n

*

14716142_1516730595007450_5188797265825295437_n

à maneira de René Magritte

Ceci n’est pas une árida tempestade shakespeariana

Ceci n’est pas une alma desolada do pássaro desnudado enfurecido

Ceci n’est pas une última lágrima de Cristo crucificado

Ceci n’est pas une perfume da primeira manhã depois da alucinação

Ceci n’est pas une Zeus decifrando o som cabalístico
ecoando continuamente de uma mandala no longínquo deserto de rapa-nui

Ceci n’est pas une poema som pungente de oboé percorrendo os corredores ermos em louvações

José Couto, especialmente para a arte de Artur Madruga

Interpretção do Ator Carlos Eduardo Valente

*

14732122_1516730495007460_5184557866745711379_n

festa de casamento

sem véu a noiva não esconde
futuro espreita sua face
há um resto de flor
um gesto cortado
voz engasgada
sim ou não
felicidade emboscada

máquinas em nudez
e desejo
aceitam o verso que lhes cabe

bailam os noivos
aterrorizados para sempre.

Adriana Aneli Costa Lagrasta, especialmente para a arte de Artur Madruga

Interpretação da poeta Adriana Aneli

*

14731255_1516730421674134_2106762612928331141_n

ALQUIMERA

Viajar é útil, exercita a imaginação. O resto é frustração e esforço. Nossa viagem é imaginaria.
É essa a sua força. Vai da vida à morte. Homens, animais, cidades e coisas. É tudo inventado.
(Littré)

Costumo viajar em e através de imagens, independente de rótulos. Assim diante dessa obra de Alquimera Grasak, que só agora conheço, assustei-me com o mundo nela contido porque nele não me enxerguei, não me vi, nem informação nem informado nem em formação. Digo “contido” não no sentido lato, porém molécula ávida, ativa, viva, grão de tempo, sopro de luz, gota de gosto, mel ou fel, interferido e interferindo, vendo e sendo visto, poético ou ridículo, imenso ou profético, entidade ou corpo: Olho que não olha, vê, o dente além da boca, a lágrima aquém da causa, vê o universo em expansão, tal eu, visor de mim enquanto medo, ou culpa: Espectador!
Há, nesse Alquimera Grasak uma insistência em me devorar, invadir-me, enfiar-me o dedo por trás do olho nos meus labirintos adentro e, poderoso, ainda que vesgo, estúpido posto que fera, e assim tenta me instituir começos, meios, fins, fazer-me caminhos diversos do que desejo ir ou vir, ficar, dividir: Um Jorge Luiz e um Borges. Não outro, um, dois em um, dual: homem e homem, noutra instância, homem versus homem. Um me camufla em roxo, Um me expõe em negro, Um me traduz em sombras, Um me devassa de brilhos. Um me diz e a si mesmo, eu, contradiz: Arte!
Há nesse Alquimera uma translucidez que me sugere Pop Art. Há nesse Pop uma profusão de agentes deístas convertendo-me à Arte Vitral. Há nesse Vitral uma lógica que me simplifica em Arte e, estilhaçando o sacro vem Umberto Eco, Obra Aberta rezando: uma obra de Arte quando sai ao mundo está sujeita ao mundo e a um mundo de interpretações, inclusive, à nenhuma.

___OLHO DE GRASAK ___

Há havemos
De navegar o brilho escasso
E dele germinar o sonho;
Há havemos
De repintar a face cansada
E nela estampar o riso;
Há havemos
De desvendar o gesto mágico
E dele gerar boas-vindas,
Há havemos
De decifrar o vasto abismo
E nele guardar a colheita,
Há havemos
De criar o pó do universo
E dele estruturar a solidão
Há havemos
De desfazer o beijo da morte
E nela apor a pálpebra,
Há havemos
De cumprir os versos incendiários
E com eles queimar os cílios,
Ah,
Havemos de desvendar esse olho
Para que possamos atraí-lo
Para o cisco renovador
Que virá
Nos vendavais de um novo mundo!

Wander Porto, especialmente para arte de Artur Madruga

Vídeo Produção e interpretação Willer Lopes

*

14563348_1516730678340775_7481387251834917104_n

FLOR SOLAR

Confieso que el arte
sobre mí tiene poder,
y delante de su magia
ya no sé
si sueño o deliro,
y me siento a vagar
en el Cosmos,
a flotar sobre un mundo
de luces y colores
tomando las sombras,
jugando con la musicalidad
oculta en el silencio,
como el instante
de la eternidad
en que los dioses se aman
y con sus besos dibujan
flores locas y alucinadas
con la sangre del sol
para iluminar la primavera.

Antonio Torres, especialmente para a arte de Artur Madruga

Vídeo interpretação do poeta Antonio Torres

*

14716238_1516730538340789_5096632286652876142_n

enquanto me intrigo a prever o traço do artista
seu rigor ou causalidade
um céu cintilante imite sons música das almas
embora não seja ágora, deuses que já não são
recordam suas trajetórias sem ruídos, alaridos ou comoções

enquanto me sacrifico em traduzir seu eros e thanatos
sua forma se transmuta
um céu em seu declínio etéreo, inunda-nos de humanidades
embora não seja olimpo, homens e seus rumores
recordam seus corpos cósmicos sem súplicas, estridentes ou taciturnos

Jose Couto, especialmente para a arte de Artur Madruga

Vídeo interpretação da poeta Lázara Papandrea

14708158_1516730545007455_2316230285375162752_n
Mestre Artur Madruga em seu atelier autografando A Formiguinha para o colunista José Couto
14690861_1516730431674133_3956964040165799004_n
Mestre Artur Madruga na Ulbra de Gravataí-RS, falando para 300 professores da rede estadual da região metropolitana sobre os livros da Trilogia A Formiguinha, a convite da 28ª CREA