Sonhos
É o livro dos poemas freguesia
Poesias de algodão rosa
Creme, chocolate e goiabada
Poesias bem fresquinhas e deliciosas
Feitas na hora!
E a promoção do dia:
leva três hacais
E dois sonetos
acompanha um pôr do sol
ou um céu cravejado de estrelas
De cortesia
Jose Couto
*
Aviãozinho
Flutua leve pelo o céu
O aviãozinho de papel
Que mandei a esmo
Na esperança de voar
Como é doce e inocente
O sonhar de uma criança
Que consigo traz a ternura
Da imaginação fértil e feliz
Tassio Henrique Cbjr
*
a criança dança
rodopiando a lembrança
à margem do tempo
Chris Herrmann
*
Livremente inspirado em O Cavalinho Branco, de Cecília Meireles
O menininho preto
À tarde, o menininho preto
está muito cansado
mesmo assim sonha um enredo
onde nunca é castigado
Lá, empina papagaio
E não é um avião
Não ri de soslaio
Mas só por diversão
Na casa sonhada, depois
Joga bafo e beyblade
Come feijão com arroz
Bife, fritas e sorvete
Em sonho ainda, joga futebol
Agita as perninhas, bate pênalti
Grita o próprio gol
E dá cambalhota lindamente
Trabalhou todo dia, tanto
Agora sonha uma cidade boa
Onde dorme no seu canto
E não é feito uma coisa à toa
Fabíola Mazzini Leone
*
fito-me no infinito
sigo em passos de menino
o Absoluto me habita
Gustavo Terra
*
Sonha criança
Sonha
Que o sonho é leve
O que pesa é a fome
E o abandono
Brinca criança
Que a vida é lúdica
O que é sério
É o trabalho
Nada
Infantil
Que desbota o teu
Tempo
Sonha criança
Tua infinita
Esperança
Captura
Nossa
Súbita
Ternura.
Luiza Cantanhêde
*
___ DUAS CRIANÇAS ___
pula
que pula
pum!
susto
ri
voa
que voa
pum!
susto
ri
risa
risada
pum!
susto
ri
pode
explode
pam!
susto
chora
e papai bonachão:
– calma, filhota,
antes de encher o saco
papai enche outro balão.
Wander Porto
*
a dor da cor
não entendia
porque a mãe chorava
quando abria a porta
com as mãos vazias
não entendia
a dor do nada
que ela trazia
no dia das crianças
descobriu
:
para ser negro
era preciso
ter dia
ter cota
ter fome
era preciso
ter dois estômagos
para não aceitar ser brejo.
Lourença Lou (Lou Lou)
*
Um caminho para a terra do nunca
Papel de seda
duas talas finas presas em forma de cruz
cola
cauda longa com tiras finas de plástico leve
carretel de linha
agora é por conta do seu fôlego:
empine este poema!
Joelma Bittencourt
*
Um sapatinho de ploc
um sapatinho de ploc
lava com água de poço,
seca à sombra mansa
de um pé de seriguela
ou de um pé de sombrião.
um sapatinho de ploc
corre como um cavalo de palha,
estoura espantos nos pés,
fica um cheiro de eterno na mão.
um sapatinho de ploc
anda de bicliceta,
é como um bem-te-vi
em voo na rua de terra
[batida],
onde reina o latido
do cachorro Leão.
um sapatinho de ploc,
a gatinha Capitu mia
como se avissasse que
já não cabe na medida
dos pés de um marmanjo
de sobrancelhas assanhadas.
um sapatinho de ploc,
o papagaio no telhado diz:
não é de comer,
não é de cheirar,
não serve em pé de criança zangada.
um sapatinho de ploc
é de brilhar dentro da nuvem
das almas grandonas, vestidas
em macaquinhos de bolotas
que não comem bananas.
Carvalho Junior
*
Vídeo Poema – SOMBRA BOA – Manoel De Barros CD Crianceiras