Um dia depois de os mercados financeiros ao redor do mundo registrarem perdas históricas, o presidente da República, Jair Bolsonaro, negou nesta terça-feira que haja uma crise, culpou a imprensa pela situação e disse que “muito do que falam é fantasia”. “Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga”, disse Bolsonaro em evento em Miami, nos Estados Unidos.
Na segunda-feira, ele já havia dito que a disseminação da doença estava “superdimensionada”. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também tem minimizado o coronavírus. Segundo fontes presentes ao jantar entre Trump e Bolsonaro em Mar-a-Lago no sábado, os dois conversaram sobre a disseminação do vírus e estimaram que até o final de abril haverá uma melhora na situação.
Ao redor do mundo há 105.586 casos de coronavírus confirmados em 97 países, e 3.584 mortes. Nos EUA, há mais de 600 casos confirmados e na Flórida, onde Bolsonaro está, duas pessoas morreram. “Alguns da imprensa conseguiram fazer de uma crise a queda do preço do petróleo (.) É melhor cair 30% do que subir 30%. Mas isso não é crise. Obviamente, problemas na Bolsa, isso acontece esporadicamente. Como estamos vendo agora há pouco, as bolsas hoje já começam com sinais de recuperação”, afirmou nesta manhã em evento a empresários.
A segunda-feira foi caótica para os mercados financeiros, com a disseminação do coronavírus e a violenta queda nos preços de barris de petróleo, em uma disputa de preços entre a Arábia Saudita e a Rússia. As ações de empresas negociadas na B3 tiveram a maior perda de valor em um único dia desde o início do Plano Real, em 1994. A Bovespa teve de acionar o circuit breaker e a bolsa de Nova Iorque também teve interrupção temporária nas negociações ao longo do dia.